{ "@context": "https://schema.org", "@type": "NewsMediaOrganization", "name": "Vera Lúcia Ravagnani", "alternateName": "Vera Lúcia Ravagnani", "url": "/", "logo": "/imagens/120x100/layout/logo_fb910dd0a8cd8c04000f827ee929ad8a.png", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/", "https://twitter.com/twitter" ] }{ "@context": "https://schema.org", "@type": "WebSite", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/busca/{busca_termo}", "query-input": "required name=busca_termo" } } .header-coluna { background: url(https://png.pngtree.com/thumb_back/fw800/back_pic/02/66/71/77578b540c5f903.jpg) center center #000; background-size: cover; height: 250px; z-index: 999999; } .header-coluna-logo { background: url(/hf-conteudo/s/layout/blog_14_4e442a.jpg) no-repeat center; background-size: contain; width: 100%; height: 250px; position: absolute; z-index: 1; margin-top: 0px; left: 0; } .header-coluna-logo-cor { position: absolute; z-index: 1; width: 100%; height: 250px; background: cc; } .maxh70 { max-height: 70px; } .margin-top-70 { margin-top: 70px; } 453i1t
Ela ou a vida inteira juntando. Moedas em latas de biscoito, cartas de amores antigos, fotografias de tempos que já não eram. Guardava também dores, os olhares que a feriram, os silêncios que gritaram mais alto que palavras. Acreditava que tudo era valioso, tudo devia ser lembrado. Até que um dia, sem aviso, a vida começou a esvaziá-la. Primeiro levou um anel, depois um livro querido, o viço do rosto, as forças das carnes e então, aos poucos, os rostos que ela amava começaram a sumir. Reclamou, chorou, se revoltou. Mas a vida, imível, seguiu seu curso, tomando o que bem entendia.
No começo, foi como se a arrancassem dela mesma. O armário rareou, as gavetas ficaram vazias, a casa ecoava em silêncio. Mas algo curioso aconteceu: começou a sentir-se mais leve. Caminhava sem o peso das lembranças presas em objetos, respirava sem o sufoco daquilo que já não existia. A ausência tornou-se espaço, e no espaço, novas possibilidades se abriram. Descobriu que a saudade não precisa de fotografias, nem selfies, nem vídeos para existir e que amor verdadeiro nunca se perde, apenas muda de forma.
Foi então que compreendeu: a vida não estava tirando nada dela, estava libertando. Como a árvore que solta folhas no outono para renascer mais forte na primavera, como o pássaro que só aprende a voar quando deixa o ninho. Cada coisa que ia embora era um convite para ser mais leve, mais presente, mais viva. Sorriu. O que antes chamava de perda agora parecia leveza. Era a vida dizendo: vá, voe mais alto.
E ela voou. Sem as correntes do ado, sem o medo do que ainda viria. A cada dia, aprendeu a se despedir sem dor, a abraçar o que vem sem receio. Escolheu guardar apenas o que aquecia a alma: os sorrisos sinceros, as conversas que fizeram o tempo parar, o cheiro do café compartilhado com quem se ama. As memórias ruins, essas ela aprendeu a dissolver como tinta na água, deixando que se perdessem no esquecimento. Afinal, viver é escolher quais lembranças manter no coração e quais deixar que o vento leve. Porque tudo que realmente importa fica. Fica na pele, na memória, na alma.